Questionamentos

Retirada de mais da metade de obras em exposição no Malg gera polêmica

Acervo chegou a ser montado, mas horas antes, 13 das obras foram vetadas, motivando cancelamento do evento

Foto: Divulgação - DP - Evento que ocorreria no Museu de Artes Leopoldo Gotuzzo (Malg) foi cancelado horas antes da estreia

Uma exposição de fotos organizada por três universidades federais da região sul virou motivo de polêmica. Marcada para o dia 31 de agosto, o evento que ocorreria no Museu de Artes Leopoldo Gotuzzo (Malg) foi cancelado horas antes da estreia, devido a 13 das 22 obras já organizadas terem sido retiradas dos expositores. Após o envio de dois requerimentos de esclarecimentos à Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o grupo ainda espera uma justificativa da instituição para o ocorrido e citam a possibilidade de censura.

Os alunos do Programa de Educação Tutorial (PET) Conexões, Produção e Política Cultural da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) de Jaguarão já estavam em frente ao Malg quando ficaram sabendo que o evento não ocorreria. A exposição contaria com um livro editado por eles especialmente para a ocasião. Já os discentes da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) estavam a caminho de Pelotas quando foram avisados do desmonte das obras.

Conforme o professor e coordenador do PET, Sandro Mendes, a exposição chegou a ser montada, mas horas antes foram retiradas 13 das obras do acervo, sem nenhuma explicação prévia. Além disso, os integrantes que chegaram no museu foram impedidos de entrar na sala em que as obras estavam dispostas. "Nesse momento, nenhum responsável pela decisão esteve presente", relata. Para ele, a anulação foi "arbitrária e equivocada", causando prejuízos financeiros e morais aos integrantes das três universidades e do próprio museu.

Mendes diz ainda que o memorando que pedia a exclusão das obras não teria sido assinado pelo Diretor do museu, Lauer Santos, mas sim pelo diretor do centro de artes professor Carlos Soares segundo orientação do reitor em exercício, professor Pedro Moacyr Silveira. "Esperamos por duas horas a presença de algum deles, o que não ocorreu". O professor relata que o argumento apresentado para a retirada seria de que elas não teriam sido aprovadas pela curadoria do Malg. No entanto, 27 dias antes teria sido comunicado que a exposição, sob curadoria de professores da UFPel e da Furg, teria acréscimo de obras devido a mudanças nos artistas envolvidos nos grupos de pesquisa que organizaram o evento. "Isso se deu no dia 4 de agosto".

Espera por resposta
Sem explicação por parte da UFPel e do Malg sobre a suspensão da exposição, no dia 3 de setembro Mendes enviou um documento à reitoria solicitando uma justificativa sobre o ocorrido. No entanto, até o momento não houve nenhuma resposta oficial da instituição. "E eu fiquei impressionado por essa dificuldade em dar uma resposta. Então, comecei a acreditar que era algo grave, como uma censura", diz o professor.

Dentre as imagens que foram retiradas dos expositores, uma delas tinha a foto de animais e a inscrição "o agro é morte". Outra usava como suporte um avental como os utilizados por açougueiros. Isso porque o grupo da Furg tem no trabalho de arte visual um estudo com a área da educação ambiental. "Não cabe nesse âmbito censura ou qualquer outra coisa que não seja de interesse público, relacionado com a educação e os valores de uma universidade", argumenta Mendes.

Hoje, os cinco organizadores do livro Produção Cultural e Fotografia, que faz parte do projeto e deveria ter sido lançado junto com a abertura da exposição, estarão numa mesa no evento Photofluxo na Furg. No local, será apresentada a obra e o projeto, além de abordar sobre o cancelamento do evento no Malg.

O que diz a UFPel
A UFPel se manifestou por meio de nota:
"A proponente da exposição foi a professora Cláudia Mariza Matos Brandão. Como de hábito e previsto no regimento do Malg foi solicitado à ela o envio de projeto detalhado da mostra demandada para o Malg. O projeto foi encaminhado contendo informações claras relativas ao conteúdo, número de obras, dimensões e necessidades expositivas. Na semana da exposição um número muito superior de obras foi recebido no período de montagem e chegou a ser colocado nas paredes. No entanto, ao constatar tal fato, antes da abertura da mostra, foi questionado à equipe de montagem e a proponente a desconformidade entre o projeto enviado e as obras expostas. Essa informação foi repassada à direção do Centro de Artes e ao reitor em exercício naquele dia, os quais ratificaram o entendimento padrão de que houvesse a manutenção do projeto originalmente encaminhado. O cancelamento da exposição não foi uma determinação do museu, mas uma decisão exclusiva da proponente. Recebido um e-mail do Prof. Sandro houve também um contato do Prof. Cláudio Tarouco (da Furg), também responsável pelo projeto (junto com Cláudia ) para agendamento de reunião. Houve a designação da reunião, inclusive com a presença confirmada da Reitora, que não se realizou a pedido do próprio Prof. Cláudio Tarouco (Furg). A UFPel lamenta o desencontro de informações que provocou desnecessário contratempo".


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